quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Bons e baratos


Porque os clubes cearense contratam tão poucos jogadores estrangeiros? Porque não aproveitam o peso do Real sobre o Peso argentino, Peso chileno, Peso colombiano, Peso uruguaio, Guarani paraguaio etc.? Várias equipes brasileiras fazem isso e se dão muito bem.

Os clubes que mais costumam trazer jogadores de outros mercados sulamericanos são os clubes gaúchos. Inter e Grêmio tem seus elencos repletos de craques de países vizinhos. Claro que a proximidade com esses vizinhos facilita bastante o garimpo de atletas de qualidade, mas por si só não justifica a ausência dos mesmos em clubes cearenses.

Alguns jogadores estrangeiros já passaram em terras alencarinas. O atacante David Madrigal defendeu o Ceará em 2002 e foi centro de uma verdadeira polêmica naquele ano. Após marcar gols importantes e ganhar o carinho da torcida do Vozão, o jogador costarriquenho foi acusado de ter atuado no Brasil com o seu visto de trabalho vencido. O Fortaleza até hoje questiona inutilmente a bela conquista do Ceará em 2002 que tinha no seu elenco o goleiro Magrão e o atacante Mota.

Em 2003, quando o Fortaleza disputava a série A, trouxe o Marcelo Escudero, que  foi um fiasco. O jogador, que havia sido consagrado no River Plate-ARG, convivia com lesões e só disputou uma partida oficial pelo Leão.

Recentemente vi no Ceará S. C. o Reina, justamente em 2009, quando o Ceará conseguiu o acesso para a série A, um jogador colombiano de uma qualidade muito boa, por um preço bem razoável. Foi a prova que se pode qualificar o elenco, por um preço baixo, com a abertura do mercado para jogadores de outros países sulamericanos.

Reina, atacante do Ceará em 2009

Vendo o preço do elenco do Nacional do Paraguai, fica mais estampado ainda que os times alencarinos estão dormindo no ponto em não aproveitar a superioridade econômica da moeda brasileira em relação aos irmãos vizinhos de continente. O finalista da Copa Libertadores da América tem um elenco que custa três vezes menos que o elenco do Ceará S. C. Os R$ 227 mil pagos para os atletas do Nacional-PAR disputarem a Libertadores é um valor menor até do que o Fortaleza gasta para disputar a série C do campeonato brasileiro.

Claro que sabemos que o Nacional investe e muito na sua categoria de base, e o valor baixo de seu elenco também se justifica por isso. São jogadores que são cria do time paraguaio e ainda não despertaram o interesse do mercado, pelo menos não antes dessa participação na Libertadores. Esse fato é mais uma lição para as nossas equipes. O investimento na base traz retornos bem lucrativos porque mantém jogadores qualificados a um custo abaixo do mercado.

Clubes nordestinos já abriram os olhos para esse mercado. No Bahia temos Emanuel Biancucchi (ARG), Maxi Biancucchi(ARG) e Wilson Pittoni (PAR), no Sport temos Enrique Meza (PAR) e Robert Flores (URU), no Vitória temos Escudero (ARG) e Cáceres (PAR). São jogadores que tem um futebol diferenciado e não são absurdamente caros. Só que ainda acho que alguns já são mais conhecidos. Se o trabalho de garimpagem for realizado de forma mais adequada, ou seja, se formos buscar jogadores mais novos, que ainda estejam querendo aparecer para o mercado brasileiro, podemos trazer jogadores de uma qualidade bem melhor e por um preço bem mais baixo.

Fica aqui a dica para os clubes cearenses. Investir na categoria de base, isso é fundamental, principalmente para que o clube evolua, passe a lucrar no futuro com jogadores que sejam vendidos para os grandes clubes da Europa, ou até mesmo outros clubes brasileiros com um poder aquisitivo um pouco maior, e quando for contratar, não contratar jogadores só dos mesmos empresários, não ficar naquele ciclo que tanto vemos, principalmente na série B, de jogadores que estão sempre rodando os mesmos clubes, jogando a mesma bolinha murcha e nada sai muito do canto. 

Ampliar o mercado quando for contratar, abrir um pouco os olhos para jogadores da Colômbia, do Equador, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, poderia trazer sim bons frutos ao futebol cearense.

A Copa do Mundo trouxe um legado que deve ser observado no que tange a parte técnica. A Copa mostrou o quanto estamos atrasados em relação ao futebol europeu. A Copa Libertadores, principalmente o Nacional do Paraguai, está mostrando qual política devemos seguir para conseguir grandes conquistas com uma movimentação financeira dentro dos padrões cearenses.


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Por Carlos Henrique Sousa - @ CHRSousa
carloshenrique.br@gmail.com

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