Se tem um nome para definir a temporada 2014 do
Paysandu Sport Club, certamente é Mazola Júnior, que chegou no final de 2013. Com
o clube rebaixado para a Série C, o treinador aceitou o desafio de disputar a
terceirona novamente, onde acabara de livrar o Cuiabá-MT do rebaixamento para a
quarta divisão.
Mazola Júnior assumiu o Paysandu com a missão de devolvê-lo à Série B. |
O Paysandu começou o ano apostando nas divisões de
base à pedido do paulista, que não escondia a felicidade de estar comandando
uma instituição que ele próprio tinha um carinho especial, desde a época da
Copa dos Campeões, onde era auxiliar técnico do Cruzeiro e viu de perto a
torcida bicolor. No ano de seu centenário, o Papão da Curuzú disputou quatro
competições (Campeonato Paraense, Copa Verde, Copa do Brasil e Série C), onde o
foco principal era a terceira divisão e o acesso.
Na “obrigação” de conquistar o estadual para apagar
o rebaixamento no campeonato brasileiro, o Paysandu contou com jogadores de
base e algumas contratações badaladas, como o meio-campo Héverton, pivô de uma das maiores polêmicas do
futebol brasileiro que prejudicou a Portuguesa-SP e beneficiou o Fluminense-RJ,
e o atacante Lima, querido no Joinville-SC e com características de goleador. O
clube ficou com o vice-campeonato, e que campeonato, foram várias polêmicas envolvendo
os dois grandes do Pará e grandes decisões entre a dupla Re-Pa. Em uma delas, o
técnico Mazola disparou, alegando a existência de um sistema que favorecia o
Remo. Segundo ele, estaria tudo armado para os azulinos serem campeões e
conquistarem a vaga para a Série D.
Confusão após o terceiro gol do Paysandu, que resultou no título bicolor do segundo turno do Parazão. |
Críticas surgiram
pela forma retrancada do time jogar, apesar de ter um dos melhores ataques do
Brasil, naquele período. Mazola foi posto em cheque quando a Copa Verde acabou
sendo frustrante para o torcedor bicolor. Era o segundo vice-campeonato da
temporada, dessa vez para o modesto Brasília que superou o Papão nas
penalidades, levou o título e assegurou uma vaga para sul-americana de 2015. Após
o Parazão, Mazola se desligou do clube, alegando problemas pessoais.
Iniciava-se o período
Vica no Paysandu, um período bastante adverso. Em números, foram seis jogos,
sendo quatro derrotas e dois empates, prejudicando o Papão na briga pelas
primeiras posições do grupo A da Série C e custando uma eliminação na Copa do
Brasil para o Coritiba-PR. Sem Lima, transferido para o Ceará, em Julho, e seus
principais jogadores com o desempenho abaixado do esperado, a expectativa não
era das melhores e o rebaixamento era visto como realidade e preocupação. Eis
que Mazola Júnior retornara ao cargo de treinador, livra o Paysandu do
descenso, leva-o ao vice-campeonato da Série C e consequentemente ao acesso
para a tão sonhada Série B.
Lima, o principal jogador no primeiro semestre bicolor. |
O segredo do sucesso
pode estar no envolvimento do comandante com o clube, o poder motivacional que
teve com cada jogador que trabalhou na temporada inteira. Em poucas palavras,
os jogadores jogaram por Mazola. Depois da classificação emocionante para as
quartas-de-final, o Papão tinha a missão de superar o Tupi-MG, primeiro
colocado no grupo B e invicto jogando dentro de casa, para conseguir o acesso.
Na primeira partida, em Belém, a vitória de 2-1 deixou uma parte dos torcedores
com o pé atrás, porém confiantes com o retrospecto do Paysandu após o retorno
de um velho conhecido. Em Juíz de Fora, Ruan garantiu o acesso bicolor em um
golaço, encobrindo o goleiro mineiro. A festa estava armada, a cidade de Belém
parou, era o retorno do Papão à Série B, após estar desacreditado.
Ruan(sem camisa) garantiu o acesso do Paysandu. |
Os méritos foram de
todos. Entre os destaques, o zagueiro Charles, os volantes Augusto Recife e
Capanema, o lateral-direito Yago Pikachu e os atacantes Bruno Veiga e Ruan, que
mudaram completamente a transição entre defesa e ataque no esquema tático
bicolor.
Foi na raça, assim
como nas conquistas do Papão da Amazônia. O título não veio, mesmo com o
passeio em cima do Mogi Mirim-SP, na semifinal, e o amplo favoritismo na grande
final. O Macaé-RJ acabou sendo consagrado campeão, após o empate em 3-3, diante
de um Mangueirão lotado, fazendo valer o critério de gol fora, já que na
primeira partida, no Rio de Janeiro, o time paraense arrancou um empate em 1-1.
Mosaico feito pela torcida do Paysandu na final da Série C. |
Nada que tira-se os
méritos do Paysandu na temporada, o principal objetivo foi alcançado e o
planejamento para a temporada 2015 já começou, com a manutenção de Mazola e a
permanência de alguns jogadores sendo negociadas. É preciso rever os erros do
passado para não serem cometidos novamente e proporcionar um novo rebaixamento.
Será que o torcedor bicolor aceitará uma possível nova temporada de
vice-campeonatos? Em relação à Série B a resposta é unânime.
Elenco que garantiu o acesso bicolor para a Série B em 2015. |
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